As ondas de calor intenso tem exigido um olhar diferenciado das empresas e profissionais para aqueles que precisam se еxроr ao sol durante toda a amaa jornada. São trabalhadores da construção civil, agricultura, limpeza urbana e muitas outras atividades realizadas a céu aberto. O estresse térmico pode trazer complicações à saúde e mal-estar, contribuindo para a ocorrência de acidentes. Um adequado gerenciamento do risco com medidas preventivas e corretivas é fundamental para proporcionar maior conforto térmico aos trabalhadores, melhorar a produtividade e o devido respaldo diante da fiscalização trabalhista.
Apoio
Nesta avaliação preliminar a taxa metabólica para execução das atividades com exposição ao calor também deve ser considerada conforme detalhado no Anexo sobre Calor da NR. 9. O L O Lapen (Laboratório de Pesquisas Nutraer) vem, desde 2018, realizando esta análise em segmentos como construção civil e usinas de açúcar e álcool. O trabalho consiste em avaliar o metabolismo dos trabalhadores conforme a atividade desenvolvida a partir do local de trabalho, condições de trabalho e conforto, temperaturas locale corporal, estado nutricional, hídrico, pressão arterial, oxigenação, peso, altura, estado hidroeletrolítico, entre várias outras simetrias para cálculo de avaLiação do metabolismo. No trabalho a céu aberto, como explica o fisiologista do Lapen, José Nures da Silva Filho, a avaliação envolve a utilização de várias tecnologias e instrumentos, Entre eles, o IBUTG, que avalia o estresse térmico levando em consideração a temperatura do ar, a umidade relativa do ar, a velocidade do vento radiação térmica, fornecendo uma medida mais precisa das condições térmicas do que a simples temperatura do Outro instrumento são os monitores de calor, dispositivos portáteis que medem a exposição do colaborador ao calor e fornecem avisos quando os limites seguros são ultrapassados. Também estão incluídos nesta avaliação a análise laboratorial de perda de sódio e potássio, via coleta de amostras de sangue e, às vezes, de urina medindo a concentração de eletrólitos.
"A partir dessas avaliações é possível oferecer às empresas soluções para controlar os efeitos deste agente físico, indicando desde o monitoramento da temperatura, pausas controladas, orientação dos colaboradores em prevenção ao calor, alimentação e hidratação adequada a seu metabolismo, sugestões que garantam mais conforto nas áreas de vivência, e capacitação aos colaboradores sobre desidratação, reidratação e hidrata- ção, As medidas devem ser incorpo rodas an GRO/PGR. Desta forma, as empresas contribuirão, não só para a saúde do colaborador, como tam- bém terão respaldo perante as fiscalizações trabalhistas", orienta Filho.
Para o auditor fiscal do trabalho no Mato Grosso, Kleber Nascimento, as medidas são ainda mais simples. "Pausas térmicas e hidratação são essenciais. O empregador deve disponibilizar abrigos para descanso, água fresca e repositor eletrolítico, além de ficar atento às condições climáticas", recomenda, indicando que no Mato Grosso a exposição ao sol está mais presente em atividades como construção civil e plantio de cana e eucalipto.
Reidratação
Outro mercado é o de produtos para a reidratação oral dos trabalhadores, com o objetivo de repor os eletrólitos, principalmente o sódio e o potássio, que são perdidos em 80% pelo excesso de calor que eleva o nível de sudorese, provocando a desidratação no local de trabalho. A empresa Nutraer produz diariamente mais de 200 mil unidades de produtos para reidratação.
De acordo com o diretor da empresa e pesquisador das áreas de feiolo gia e hidratação, Lucélio Аraújо, a desorientação por estado fisiológico não hidratado é um dos principais fatores de acidentes de trabalho. "A empresa precisa avaliar a necessidade de fazer o uso da reidratação. Hoje a Nutraer dispõe de um sistema que compartilha com os clientes para que verifiquem se há a necessidade do consumo de produtos que dispõem em sua formulação, conforme pressupõe a NHO 06 е о Anexo 3 da NR 09, destacou.
Mesmo que o calor no trabalho a céu aberto já seja pauta de alguns profissionais da área de SST, do governo, de outros órgãos e que o mercado venha tentando corresponder com o desenvolvimento de artigos de proteção para o trabalho nessas condições, o cenário é preocupante se olharmos para o futuro. O Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) , órgão consultivo da ONU sobre o clima, indica que o calor extremo está entre os principais impactos que podem afetar a vida na Terra nos próximos 30 anos. Especialistas indicam que o mundo já aqueceu 1,1°C e deve ultrapassar os 1,5°C na década de 2030.
A expectativa, de acordo com o relatório, é que o aumento das temperaturas reduza a capacidade física de trabalho nas regiões mais quentes do planeta. O relatório recomenda "uma mudança transformadora em processos e comportamentos em todos os níveis: individual, comunitário, nos negócios, instituições e governos". Portanto, a responsabilidade das , e da própria SST, vale muito além de pensar em medidas que previnam a exposição dos trabalhadores no calor, mas passa por entender em como ajudar a frear essas previsões. Um desafio tremendo!